Rembrandt pinta este magnφfico nu artφstico, em 1654. Nπo Θ a primeira vez que o mestre holandΩs trata de um tema bφblico. Nesta ocasiπo, o epis≤dio escolhido faz referΩncia α hist≤ria de BetsabΘ, mulher de Uriah, que se tornarß a segunda esposa do rei Davi. O artista representou a futura mπe de Salomπo ap≤s a leitura da carta que a obrigava a partir com seu novo esposo.
O autor jß havia tratado deste motivo em dΘcadas anteriores, embora os resultados nπo tivessem sido os mesmos. Ao parecer, seu modelo foi Hendrickje. Ela entrou a seu serviτo em 1649. Saskia morrera alguns anos atrßs. Esta nova companheira, que aparecerß em diferentes obras, deu-lhe uma filha no mesmo ano em que ele realizou este quadro.
A protagonista estß tomando banho. Uma criada assiste-a a seus pΘs. O cenßrio Θ impreciso, mas os dourados e vermelhos das telas sugerem um ambiente luxuoso e φntimo. A sensualidade latente se funde com o sentimento melanc≤lico da personagem, cujo gesto Θ indicativo de uma profunda vida interior.
AN┴LISE T╔CNICA E ESTIL═STICA
A composiτπo desta obra centra sua atenτπo na figura monumental da mulher. O artista situou-a em primeiro plano, tendo como cenßrio um espaτo escuro e indefinido. A concepτπo do espaτo vem a destacar deliberadamente a protagonista. O tema escolhido se transforma num mero pretexto para o estudo do nu feminino. Rembrandt confere-lhe um aspecto s≤lido e equilibrado, realτado por sua disposiτπo triangular.
A iluminaτπo da tela incide diretamente sobre a pele da futura rainha. O efeito se acentua mediante o ritmo ascensional que segue a luz sobre um corpo feminino que nπo idealizante. As pernas e o ventre oferecem o aspecto de uma beleza robusta, muito parecida α dos nus em seu desenhos e gravuras. Este ideal estΘtico seria objeto de crφtica por muitos de seus contemporΓneos.
A tΘcnica do claro-escuro realτa o contraste dos dourados e vermelhos das telas. A pincelada se faz cada vez mais solta, especialmente no tratamento da criada, situada na parte da composiτπo que estß em penumbra.
INTERPRETA╟├O
Este quadro Θ considerado um dos nus mais representativos da arte barroca. O artista virou seu olhar para a tradiτπo pict≤rica da Escola Veneziana. Um tema bφblico recebe aqui o mesmo tratamento que certas obras de Ticiano ou Tintoretto. O banho feminino constituφa uma iconografia freqⁿente em pinturas de assunto mitol≤gico, embora tambΘm pudesse se encontrar em alguma obra que recolhia epis≤dios da Hist≤ria Sagrada. Esse Θ o caso de Suzana e os Velhos, retomado tambΘm pelo holandΩs.
Da mesma maneira que era comum em Veneza, no sΘculo XVI, Rembrandt concebeu uma representaτπo cheia de sensualidade. O nu feminino se torna o verdadeiro assunto protagonista, relegando a um segundo plano o argumento do quadro. O ambiente α volta da figura estß caracterizado por uma atmosfera que parece isolß-la do exterior. A cena estß dominada por uma profunda sensaτπo de intimidade, sublinhada pelo gesto reflexivo da protagonista. Sua introspecτπo enlaτa com a atitude de muitos dos personagens do pintor, que parecem absorver-se pela meditaτπo. O carßter do mestre, quase sempre, impregna sua palheta de espiritualidade.
